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Qual é o estado atual da conectividade na América Latina?

No geral, a capacidade implantada por diferentes tipos de operadoras de rede na região quase triplicou desde 2017. O Brasil continua a gerar a maior demanda de largura de banda na região.

TeleGeography participa há anos dos eventos LACNIC e LACNOG, apresentando relatórios de status e atualizações sobre a conectividade na região à comunidade de operadoras da América Latina e Caribe (ALC).

No LACNIC queremos salientar os dados da TeleGeography sobre conectividade durante o último ano (2022). Esses aspectos de destaque foram tirados de duas ferramentas de pesquisa diferentes:

a) O relatório Global Bandwidth (GB) (largura de banda global), focado no uso anual da largura de banda e nos sistemas de cabos submarinos;

b. Relatório de Geografia da Internet Global, um serviço de pesquisa que se concentra nos backbones da internet.

Os dados obtidos indicam que a demanda por largura de banda internacional na América Latina continua aumentando. Após uma desaceleração para 20% em 2018 –a taxa de crescimento anual mais lenta registrada em décadas– a demanda regional se recuperou, com crescimento médio anual de 35% entre 2019 e 2021. No geral, a capacidade implantada por diferentes tipos de operadoras de rede na região quase triplicou desde 2017, atingindo mais de 140 Tbps de capacidade em 2021.

O Brasil continua a gerar a maior demanda de largura de banda na região. Em 2021, o Brasil tinha 55 Tbps de capacidade internacional usada. Honduras e Guatemala cresceram a taxas de crescimento anual compostas (CAGR) de 48% e 44% entre 2017 e 2021, respectivamente. Assim mesmo, na América do Sul, tanto o Equador quanto o Uruguai cresceram pouco mais de uma CAGR de 45% desde 2017.

O boom dos provedores de conteúdo

As operadoras de rede de conteúdo têm uma presença cada vez mais visível no mercado de largura de banda da América Latina, seguindo as tendências globais no uso da capacidade. Essas empresas estão expandindo seu alcance geográfico e são proprietárias e clientes-âncora de novos sistemas de cabo. A tabela a seguir mostra a largura de banda total implantada por cada tipo de rede na América Latina.

Surgimento de Cloud Hubs e seu impacto na conectividade

Uma vez que os Cloud Hubs são criados e constituídos na região, o tráfego aumenta e os países começam a enviar e receber conteúdo dentro da região. Hoje, o Uruguai ou a Argentina se conectam diretamente com São Paulo (Brasil) sem ter que passar pelos Estados Unidos como acontecia antes.

Esse comportamento –que se tornou padrão em todo o mundo– está sendo incorporado na América Latina. A partir da criação dos Cloud Hubs surge um ecossistema em torno deles. Observa-se que uma vez que os provedores de conteúdo se deslocam para determinados países, áreas ou regiões e estabelecem seus centros de dados, os cabos submarinos e terrestres os seguem e começam a se conectar com esses centros. Depois, outros CDN se juntam para criar uma rede nessas áreas junto com o crescimento de ISP (provedores de serviços da internet) e IXP (pontos de troca de tráfego) locais.

Futuro da conexão terrestre e cabos submarinos

Na América Latina, o Brasil tem sido o principal hub de conexões em termos de capacidade internacional. A maior parte da capacidade ainda está conectada aos Estados Unidos (83%), no entanto, a conectividade internacional entre os países da América Latina vem crescendo a um ritmo mais rápido do que com os EUA nos últimos três anos.

O Chile, Colômbia e México recentemente começaram a se tornar hubs regionais. O aumento das rotas, tanto terrestres quanto submarinas, é muito importante para melhorar a conectividade desses mercados, uma vez que ampliam a capacidade de enviar e receber tráfego e reduzem os preços à medida que aumenta a concorrência.

Para acompanhar a crescente demanda por largura de banda, tanto as operadoras quanto os governos estão investindo em conectividade terrestre. Destacam-se alguns desenvolvimentos como o caso da Internexa para conectar a Colômbia, Chile e Peru; o Neutral Networks que pretende conectar a Cidade do México com Santiago de Querétaro e Monterrey; e a Subsecretaria das Telecomunicações do Chile que pretende instalar fibra ótica em 6 regiões deste país.

Nesse contexto, os cabos submarinos são uma peça fundamental do quebra-cabeça. A tendência atual é que os grandes provedores de conteúdo como o Google, Facebook, Amazon, Microsoft ou Cloudflare estão financiando e construindo seus próprios cabos para garantir que seus serviços estejam disponíveis de forma rápida e fácil em qualquer lugar do mundo.

Até o final de 2022, a TeleGeography encontrou 57 cabos ativos e outros cinco foram anunciados recentemente envolvendo países da América Latina e Caribe (FirminaDeep Blue OneGold Data-1Caribbean ExpressCarnival Submarine Network – 1).

Nota: O artigo completo, com imagens e tabelas, pode ser encontrado no site de LACNIC.

Sobre o autor: María Gayo é gerente de Comunicações do LACNIC.

Patrick Christian e Juan Velandia, ambos da TeleGeography, contribuíram com dados e conhecimentos para este artigo. Patrick é gerente de Pesquisa Sênior, lidera o Serviço de Pesquisa de Infraestrutura da WAN e nuvem, especializando-se nos mercados de infraestrutura da internet e largura de banda internacional, serviços WAN, sistemas de cabos terrestres + submarinos e análise de tráfego de voz internacional. A principal área de pesquisa de Juan é a infraestrutura para os mercados da América Latina e o Caribe.

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