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Por que é hora de repensar o debate DevOps vs. ITIL?
À medida que as organizações buscam alinhar mais de perto seus objetivos de negócios e TI, elas devem combinar práticas de DevOps e ITIL, em vez de se comprometer exclusivamente com uma metodologia em detrimento da outra.
Historicamente, ITIL e DevOps são parceiros ruins. DevOps é sobre velocidade e habilitação, enquanto ITIL, pelo menos tradicionalmente, é uma estrutura muito mais proscritiva que traz atrasos consideráveis em um fluxo de trabalho DevOps.
Isso não quer dizer que o DevOps é perfeito; muitas organizações descobriram –às próprias custas– que uma abordagem aberta do DevOps levou a questões importantes, como códigos relativamente desordenados que fazem seu caminho do desenvolvimento para a produção.
No entanto, a DevOps amadureceu –assim como a estrutura de gerenciamento de serviços de TI ITIL. E embora as duas tecnologias ainda não sejam uma combinação perfeita, é hora de parar de pensar em termos de DevOps vs. ITIL, e em vez disso considerar DevOps e ITIL.
Onde DevOps e ITIL se cruzam
Negócios DevOps devem ter os pesos e contrapesos certos no lugar certo. Devem codificar processos que permitam auditorias; retornar falhas aos desenvolvedores para correção; e criar um loop de feedback dos usuários finais para os times de desenvolvimento e operações.
A versão mais recente da estrutura ITIL (ITIL 4) é focada em valor, o que fornece uma base sólida para esses processos. E à medida que o DevOps continua a evoluir, as práticas ITIL podem ajudar as equipes de TI a criar ambientes idempotentes.
Idempotência é o meio pelo qual uma entidade –como um usuário final, desenvolvedor, profissional de operações de TI ou mesmo um motor de IA ou aprendizado de máquina– define o resultado desejado de qualquer mudança. As ferramentas subjacentes então usam scripts para criar e provisionar pacotes em um ambiente operacional que alcançará o resultado desejado. Essa abordagem requer acompanhamento contínuo e loops de feedback para garantir que o resultado não seja apenas alcançado, mas seja mantido à medida que a plataforma também muda.
O ITIL 4 adota esses conceitos. A cadeia de valor de serviços da estrutura promove um conjunto interconectado de atividades que lidam com a criação de serviços, entrega e melhoria contínua. É complementar às práticas contínuas de desenvolvimento e entrega contínua em DevOps. No entanto, há uma diferença fundamental entre DevOps vs. ITIL aqui: O primeiro enfatiza as formas técnicas de execução dessas tarefas, através do uso de ferramentas de desenvolvimento e processos rígidos, enquanto esta última se concentra mais em garantir que as tarefas ocorram de forma controlada e auditável.
O sistema de valor de serviço da ITIL sobrepõe sua cadeia de valor de serviço. Esse sistema amplo incorpora desde como uma organização funciona a partir da oportunidade ou a demanda do usuário final até a entrega de valor.
DevOps vs. ITIL para o negócio
Até o momento da publicação, o sistema de valor de serviço da ITIL supera em muito o estado atual dos DevOps –especificamente, o estado do BizDevOps. Neste modelo DevOps, os motivadores dos negócios moldam como os desenvolvedores devem trabalhar, com o objetivo de atender às necessidades dos usuários que afetam diretamente o resultado final da organização. Houve alguns progressos em torno do BizDevOps, mas não o suficiente para torná-lo uma realidade em todas as lojas de TI corporativas. O sistema de valor de serviço da ITIL poderia fornecer uma camada sobre os ambientes DevOps existentes para permitir essa capacidade tão necessária.
A maioria das ferramentas de DevOps de código aberto aborda as necessidades mais mãos-à-obra de desenvolvedores e equipe de operações, embora alguns sistemas comerciais também busquem ter o negócio como alvo. Esses sistemas, porém, têm sido recebidos até o momento com sucesso limitado, em parte porque são os departamentos de TI, não os de negócios, que adquirem a grande maioria das ferramentas DevOps. Além disso, as equipes de TI ainda sofrem com a percepção de serem um pouco removidas do resto da organização, e por isso relutam em implantar e apoiar a face de negócios dessas ferramentas.
A ITIL, por outro lado, é nominalmente uma ferramenta de processo de negócios –particularmente sob a ITIL 4. Cabe à Axelos, a organização por trás da estrutura ITIL, fazer um esforço para impelir a ITIL para os negócios, como um meio de fornecer o controle necessário sobre a cadeia de valor ponta a ponta em uma organização.
Será interessante observar se os fornecedores de ferramentas e desenvolvedores de código aberto começarão a se concentrar menos nas comparações de DevOps vs. ITIL e, em vez disso, visualizar este último como uma estrutura não competitiva que cria uma plataforma padronizada na qual eles podem trabalhar. Se as equipes e fornecedores do DevOps conseguirem inserir conceitos e práticas ITIL em seus ambientes, todos têm a ganhar.
O que há de novo na ITIL?
Após quase uma década de silêncio absoluto, a Axelos finalmente revelou a versão 4 da ITIL em meados de 2019. A atualização do framework ITSM baseia-se nas diretrizes e práticas recomendadas existentes e foi ajustada para a mudança de paradigma das operações em nuvem, aplicativos distribuídos e DevOps. Ela também oferece esclarecimentos e correções sobre detalhes em versões anteriores. Além disso, a ITIL se tornou menos prescritiva e mais flexível –o que possibilita que mais organizações adotem e sigam essas melhores práticas.