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O 5G no Brasil em 2025: consolidação, desafios e oportunidades

Com metas ambiciosas e avanços significativos, o 5G no Brasil promete transformar setores como indústria, saúde e agronegócio, mas ainda enfrenta desafios como inclusão digital e segurança cibernética. Descubra como empresas e o governo estão liderando essa revolução tecnológica.

O Brasil tem avançado rapidamente na implementação do 5G, consolidando-se como um dos líderes na América Latina. Até novembro de 2024, a tecnologia já estava disponível em todos os 5.570 municípios brasileiros, graças à liberação antecipada da faixa de 3,5 GHz, realizada pelo governo federal. Essa infraestrutura tem potencial para revolucionar setores produtivos e ampliar a inclusão digital. Contudo, apesar dos avanços, apenas 11% das conexões móveis no Brasil utilizavam o 5G até outubro de 2024. Isso se deve ao alto custo dos dispositivos compatíveis e à desigualdade regional.

Infraestrutura e expansão da rede

Desde o leilão de espectro realizado em 2021, o Brasil tem investido fortemente na expansão do 5G standalone (SA), que utiliza uma infraestrutura dedicada exclusivamente à nova tecnologia. Até dezembro de 2024, mais de 800 cidades tinham redes licenciadas na faixa de 3,5 GHz, cobrindo cerca de 60% da população.

O modelo SA permite maior estabilidade e baixa latência, essenciais para aplicações avançadas como carros autônomos e cidades inteligentes. As metas estabelecidas pela Anatel incluem a instalação de uma antena para cada 10 mil habitantes em cidades com mais de 500 mil pessoas até julho de 2025. A partir daí, a cobertura será expandida para municípios menores, com foco em alcançar todas as cidades com mais de 30 mil habitantes até 2029.

Desafios na implantação

Apesar dos avanços significativos, a densidade necessária de antenas continua sendo um desafio. O sinal do 5G utiliza frequências mais altas e ondas menores, exigindo um número muito maior de antenas em comparação ao 4G. Isso implica custos adicionais e a necessidade de atualização das legislações municipais para permitir a instalação em postes e semáforos.

Outro obstáculo é a escassez global de componentes eletrônicos, que tem impactado negativamente os cronogramas das operadoras. Além disso, garantir que áreas rurais também se beneficiem da tecnologia é um desafio contínuo. Atualmente, menos de 15% das áreas rurais têm acesso ao sinal do 5G.

Iniciativas governamentais

O governo brasileiro desempenhou um papel central na expansão do 5G. A liberação antecipada da faixa de frequência foi um marco importante, permitindo que as operadoras acelerassem suas implementações antes do prazo inicial estabelecido. Além disso, programas como o “Norte Conectado” têm promovido a inclusão digital em regiões remotas por meio da expansão da infraestrutura de fibra óptica. Outro destaque é o incentivo à adoção de redes privativas. Essas redes são projetadas especificamente para atender às necessidades de empresas e setores industriais, garantindo maior segurança e eficiência operacional. A Anatel também tem trabalhado na liberação gradual de novas faixas de frequência para suportar futuras expansões tecnológicas.

Esforços das empresas

As operadoras brasileiras têm investido massivamente no desenvolvimento do ecossistema do 5G. Desde o início da implementação, mais de R$116 bilhões foram destinados à expansão da infraestrutura. Empresas como Vivo, Claro e TIM lideram os esforços para ampliar a cobertura e oferecer serviços inovadores aos consumidores. Além disso, parcerias estratégicas entre operadoras e indústrias estão impulsionando o uso do 5G em aplicações específicas. Um exemplo é a colaboração entre Claro e Nestlé para implementar uma rede privativa na fábrica de chocolates KitKat em Caçapava (SP), resultando em um aumento significativo na eficiência operacional.

Histórias de sucesso: empresas brasileiras aproveitando o potencial do 5G

Gerdau: inovação na indústria siderúrgica

A Gerdau, uma das maiores produtoras de aço da América Latina, é um exemplo de como o 5G pode transformar operações industriais. Em parceria com a Embratel, a empresa implementou uma rede privativa em sua planta de Ouro Branco (MG), permitindo a conexão de máquinas e sistemas digitais com alta estabilidade e baixa latência. Essa infraestrutura possibilitou maior automação e eficiência operacional, além de reduzir custos e aumentar a segurança no ambiente industrial.

Com o uso do 5G, a Gerdau também conseguiu integrar tecnologias como inteligência artificial para monitoramento em tempo real e veículos autônomos para transporte interno. Esses avanços destacam como o 5G pode ser um catalisador para a transformação digital na indústria.

Nestlé: automação avançada na produção alimentícia

Outro caso emblemático é o da Nestlé, que implementou uma rede privativa 5G em sua fábrica de chocolates KitKat em Caçapava (SP), em parceria com Claro e Ericsson. Essa solução conectou robôs autônomos e dispositivos IoT, resultando em um aumento de eficiência operacional de até 25%. Além disso, a tecnologia permitiu o monitoramento em tempo real da qualidade dos produtos, reduzindo desperdícios e otimizando os processos produtivos. Esses exemplos mostram como empresas brasileiras estão utilizando o 5G para se tornarem mais competitivas no mercado global, aproveitando os benefícios de conectividade avançada e automação.

Desafios para a adoção plena do 5g

Embora o Brasil tenha avançado na expansão da infraestrutura do 5G, a acessibilidade permanece um desafio significativo. Apenas cerca de 13% dos brasileiros utilizavam dispositivos compatíveis com o 5G até outubro de 2024.

O alto custo dos aparelhos e dos planos limita o acesso da população de baixa renda à tecnologia. Para enfrentar essa barreira, programas governamentais que subsidiem dispositivos ou reduzam impostos sobre equipamentos podem ser necessários. Além disso, iniciativas para ampliar a inclusão digital em áreas rurais devem ser priorizadas, já que menos de 15% dessas regiões têm acesso ao sinal do 5G.

Outro desafio crítico é garantir a segurança cibernética em um ambiente hiperconectado. A infraestrutura do 5G amplia as possibilidades de ataques cibernéticos devido ao grande número de dispositivos conectados. Redes críticas precisam ser protegidas contra invasões sofisticadas que podem comprometer dados sensíveis ou interromper serviços essenciais.Empresas brasileiras já estão investindo em soluções robustas para mitigar esses riscos. Entre as medidas adotadas estão redes privadas virtuais (VPNs), criptografia avançada e monitoramento constante por especialistas em segurança digital.

Oportunidades futuras: inovação tecnológica

Com a consolidação do modelo standalone — redes que não dependem da infraestrutura do 4G — surgem novas possibilidades tecnológicas. Aplicações como veículos autônomos, cidades inteligentes e tecnologias baseadas em realidade aumentada (AR) estão entre as inovações esperadas nos próximos anos. Além disso, o avanço do Open RAN no Brasil pode reduzir custos operacionais das operadoras enquanto promove maior interoperabilidade entre diferentes fornecedores. Essa abordagem pode acelerar ainda mais a adoção massiva do serviço.

Papel global do Brasil

O Brasil tem demonstrado potencial para se consolidar como um dos líderes da América Latina no uso e desenvolvimento de tecnologias baseadas no 5G. A implementação acelerada da tecnologia no país, aliada a iniciativas como o leilão de espectro e a expansão de redes privativas, posiciona o Brasil em um cenário competitivo global. Desde o início da operação do 5G em julho de 2022, o país subiu do 80º para o 45º lugar no ranking global de velocidade de download, destacando-se como um mercado emergente promissor.

No entanto, para que o Brasil amplie sua relevância no cenário internacional, é necessário transformar as expectativas em valor concreto. Isso inclui fomentar políticas industriais que incentivem a inovação e a criação de novos modelos de negócios. A digitalização proporcionada pelo 5G tem o potencial de reduzir o "gap" tecnológico do país, aumentando sua competitividade global e atraindo investimentos estrangeiros em setores como manufatura avançada, inteligência artificial e internet das coisas (IoT).

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