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Fintech avançam com a pandemia

Um relatório da empresa de inovação Distrito mostra que nunca se investiu tanto em startups brasileiras quando no primeiro semestre de 2021.

Se tem uma coisa que me surpreendeu no mercado brasileiro de tecnologia nestes meses de pandemia da COVID-19 foi o forte impulso que as fintechs (empresas de serviços financeiros baseadas em tecnologia) e as startups tiveram.

Para se ter uma ideia, segundo dados do Inside Venture Capital Report, um relatório produzido pelo Distrito Dataminer, braço de inteligência da plataforma de inovação aberta Distrito, só entre janeiro e abril de 2021, as startups captaram US$2,35 bilhões em aportes, o que representa 66% do que foi investido durante todo o ano de 2020, e foram registradas 77 fusões e aquisições.

Já as fintechs registraram em 2020 um crescimento de 34% sobre o número registrado no ano anterior, totalizando mais de 800 empresas. Há quatro anos, eram apenas 85, de acordo com o estudo Distrito Fintech Report.

O mercado de fintechs e startups é amplo, e inclui empresas que atuam nas seguintes áreas:

Pagamento

Criadas para facilitar as transações de compra e venda, as fintechs de pagamento oferecem uma série de serviços, inclusive cartões de créditos e máquinas de cartão com menos burocracia e taxas mais atrativas. Fazem parte dessa categoria empresas como Nubank, PicPay, PagSeguro e Mercado Pago.

Crédito ou empréstimo

Têm estrutura enxuta e usam soluções tecnológicas para fazer a análise de crédito, melhorando a dinâmica dos serviços financeiros. As taxas costumam ser mais baixas do que as oferecidas pelos bancos tradicionais

Crowdfunding

Ajudam empreendedores a levantar o capital necessário para tirar o negócio do papel por meio de financiamentos coletivos. Um exemplo é o Catarse, a primeira plataforma de crowdfunding do Brasil.

Criptomoedas

Com a popularização do bitcon, as fintechs que facilitam a compra e a venda de criptomoedas ganharam espaço. A Mercado Bitcoin foi uma das que teve crescimento muito expressivo em pouco tempo.

Controle financeiro

Aplicativos com o Organizze, que permite controlar as despesas na tela do celular, ajudam a manter as finanças sob controle. A ferramenta inclui a possibilidade de classificar os gastos em categorias e de definir metas.

Investimento

A ideia das fintechs de investimento e simplificar a vida na hora de fazer o dinheiro render. São corretoras de valores como a Toro, que oferecem taxas reduzidas e uma melhor experiência digital.

Saúde

Impulsionadas pela pandemia e a crise financeira, startups de saúde como Dr. Consulta e Beep Saúde ganharam espaço no ecossistema brasileiro. Também chamadas de "healthtech", elas oferecem acesso a consultas e exames a preços mais acessíveis. 

Tudo é um processo de evolução e adaptação ao mercado

Em um mercado como o brasileiro, que é caracterizado pelas altas taxas de juros e um nível de burocracia elevado, é natural que, ao prometer resolver mais facilmente as dores de quem precisa de empréstimo, as fintechs ganhem força.

Segundo uma pesquisa do SEBRAE, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, a demanda por novos empréstimos por parte das pequenas empresas mais do que dobrou entre 2019 e 2020. Já um relatório do Distrito Inside Fintech revela que, em 2020, as fintechs movimentaram R$4 trilhões em empréstimos para empresas e pessoas físicas e receberam contribuições de capital de mais de US$352 milhões, valor 13% maior do que o verificado em 2019.

As principais armas que as fintechs usam para se diferenciar são o melhor uso da tecnologia, a oferta de uma melhor experiência ao usuário e, principalmente, a oferta de taxas mais acessíveis e condições especiais de crédito.

Uma pesquisa realizada pela PwC Brasil e pela Associação Brasileira de Crédito Digital revelou que 48% das fintechs entrevistadas analisam o risco de uma proposta de crédito dentro de uma hora. E em 46% dos casos, a aprovação do crédito ocorre menos de 24 horas após o pedido de empréstimo.

Maior investimento em startups

Um relatório da empresa de inovação Distrito mostra que nunca se investiu tanto em startups brasileiras quando no primeiro semestre de 2021. Foram US$5,2 bilhões, número que supera em 45% todo o investimento registrado em 2020. Na comparação apenas com o primeiro semestre de 2020, a alta é de 299%.

Segundo o Distrito, só nesse primeiro semestre foram identificados quatro novos unicórnios no mercado nacional: MadeiraMadeira (venture capital); Hotmart (venture capital); C6 Bank (vendido para o J.P.Morgan); e Mercado Bitcoin (venture capital). Hoje, o Brasil tem 16 unicórnios.

Em junho, as startups brasileiras registraram o recorde histórico de aportes: foram US$2 bilhões captados, em mais de 63 rodadas. O valor foi puxado por mega-rodadas em startups que já eram consideradas unicórnios, como Gympass (US$220 milhões), Ebanx (US$430 milhões) e Nubank (US$500 milhões). Em volume aportado, lideram as fintechs (US$2,4 bilhões), proptechs (US$829,4 milhões) e retailtechs (US$416,2 milhões).

Ao todo, foram realizados 339 aportes em startups brasileiras, número de rodadas 35% maior que o visto em 2020. Os setores preferidos dos investidores foram fintechs (72 aportes), retailtechs (36) e healthtechs (29).

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