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Eficiência é fundamental para a evolução do data center em 2023

Os data centers devem aumentar a eficiência da sua entrega de serviços, usando fibra e infraestrutura baseada na borda (Edge), aprendizado de máquina (ML) e inteligência artificial (IA). Além disso, devem aumentar a eficiência operacional e reduzir o uso de energia por unidade de poder computacional.

Nos últimos anos, condições sem precedentes surgiram nos negócios em todos os setores, mas entre os mais afetados estão os serviços em nuvem executados pela rede global de data centers. O modelo de negócios mudou para se ajustar às novas realidades e atender às novas obrigações. Extrapolar essa história recente para um futuro próximo é, na melhor das hipóteses, um exercício incerto.

Contudo, existe um grande interesse em ter uma perspectiva mais clara possível, pois mais atividades do mundo dependem dos serviços em nuvem e, consequentemente, da operação dos data centers. Se há uma coisa que sabemos sobre o futuro é que a nossa dependência deles vai aumentar.

O problema é que, nos últimos anos, os parâmetros de referência continuam mudando rapidamente. Primeiro, o mundo foi abalado pelas restrições globais impostas pela COVID-19 que fizeram que, da noite para o dia, a nova realidade de centenas de milhões de pessoas fosse trabalhar e estudar em casa. Essa mudança colocou uma pressão imensa nos data centers que passaram a ter que lidar com vídeos, que usam maior largura de banda, e outras aplicações em nuvem em uma área mais amplamente distribuída.

Depois vieram as interrupções na cadeia de suprimentos e a escassez de mão de obra em todo o mundo, dificultando para os data centers a geração de capacidade adicional, porque eles não conseguiam encontrar os componentes essenciais ou pessoas qualificadas para a instalação e operação desses componentes.

E, mais recentemente, a inflação global e o aumento dos preços da energia, agravados pelo conflito na Ucrânia, forçaram empresas e nações a reorganizar suas cadeias de suprimentos e fazer ajustes para continuar operando com custos de energia persistentemente elevados.

Note que esses são eventos mundiais que nem mesmo são exclusivos do setor de data centers. Além disso, o crescente papel social e comercial do processamento de back-end do data center e do armazenamento também trouxeram muitos desafios.

Fazendo mais, em mais lugares, com margem de erro menor

Pense em todas as novas aplicações que dependem do suporte de um data center adequado e confiável para operar. Por exemplo, o pedido feito para o restaurante local por meio de um aplicativo móvel, robôs de alta velocidade em um depósito que coletam seu pedido online minutos depois de você clicar em “Finalizar pedido” e até o veículo equipado com assistência de direção passando na via expressa perto de você. A velocidade e o volume de dados gerados, processados e transportados por esses aplicativos e tantos outros estão crescendo exponencialmente. O mundo não pode arcar com tempo de inatividade do sistema, não importa se a consequência é um pedido de almoço atrasado ou o total comprometimento da eficácia de um sistema de assistência de direção conectado à rede 5G.

A rede 5G de baixa latência está disponibilizando a largura de banda e, igualmente importante, a baixa latência, que são necessárias para a operação de muitas dessas novas e incríveis aplicações. Tudo isso é canalizado para os data centers, que estão sendo movidos para a borda da rede para reduzir preciosos milissegundos do relatório do tempo de resposta (RTR, na sigla em inglês).

A eficiência energética impulsionará a evolução do data center em 2023

Para todos os ambientes do data center, a eficiência não é tanto uma métrica de lucratividade, mas sim uma métrica de sobrevivência. Seja um data center multi-inquilino (MTDC ou multi-tenant data center) de porte pequeno a médio ou uma implementação grande em nuvem ou hyperscale, as pressões intensas e simultâneas relativas à demanda e despesas determinarão o seu futuro, principalmente as despesas com energia.

Em resumo, os data centers devem aumentar a eficiência da sua entrega de serviços, usando fibra e infraestrutura baseada na borda (Edge), aprendizado de máquina (ML) e inteligência artificial (IA). Além disso, devem aumentar a eficiência operacional —e isso significa reduzir o uso de energia por unidade de poder computacional.

Com certeza, o custo é o fator mais óbvio ao avaliar a eficiência energética, mas não é o único. Veja como os clientes e investidores estão mais atentos à forma como seus parceiros corporativos obtêm e usam a eletricidade. Algumas áreas metropolitanas estão comunicando aos data centers que, além das preocupações com a aparência, o ruído e o uso de água dos data centers seus negócios, que requerem alto consumo de energia, não são desejados. E, em alguns casos, a área não tem capacidade de rede elétrica disponível para recebê-los.

Neste início de 2023 vemos preocupantes manchetes na Europa e em outros lugares sobre frequentes apagões e aquecimento insuficiente, tornando os pareceres regulatórios e a opinião da sociedade ainda menos favoráveis aos desenvolvedores de data centers. Por tudo o que foi exposto, a eficiência energética deve ser colocada como prioridade máxima e os data centers devem fazer atualizações críticas com urgência, como:

  • Utilização de mídias mais eficientes para o storage (armazenamento), tomando como base o tempo de acesso.
  • Uso de análises detalhadas para identificar oportunidades nas áreas de storagecomputação e consolidação de energia.
  • Implementação de sistemas UPS ultraeficientes.
  • Reavaliação dos limites térmicos do próprio data center.
  • Consideração de colocation para compartilhar os custos de eletricidade e comunicações.
  • Avaliação da sobrecarga na rede elétrica atual e migração para uma energia mais sustentável, localizada no data center.

Em um nível mais estratégico, mover os data centers para a borda da rede, conectados por fibra de alta velocidade, pode melhorar a eficiência energética e a latência. Além disso, considere locais onde há acesso a fontes de energia renováveis, como eólica, solar, hidrelétrica ou nuclear.

Para os grandes data centers em nuvem e em hyperscale, existe a oportunidade de aproveitar a energia gerada localmente tanto para alimentar o data center, quanto para se for gerado excesso de energia, fornecer de volta à rede.

eficiência que impacta no cotidiano

Embora muitos não valorizem o amplo impacto social e comercial que os data centers exercem no mundo, vale a pena lembrar como o armazenamento e o processamento de dados de maneira rápida e confiável têm impacto direto em diversos aspectos do nosso dia a dia e, por que não dizer, das nossas vidas.

Por exemplo, todos os dias, os serviços em nuvem processados pelos data centers ajudam:

  • Funcionários a se conectarem uns com os outros e trabalhar com eficiência em suas casas, escritórios ou em viagens.
  • Agricultores a planejar, plantar e colher safras mais saudáveis, reduzindo o desperdício de água e o uso de produtos químicos.
  • Fábricas a construir, estocar, gerenciar e enviar produtos usando robôs, que evitam inúmeros acidentes e lesões no local de trabalho.
  • Pessoas comuns a criar conteúdo expressivo que conecta indivíduos em uma escola ou ao redor do planeta em jogos, redes sociais e metaverso.
  • Provedores de serviços a transmitir todos os tipos de conteúdo de entretenimento e informações para residências, notebooks e dispositivos móveis em uma malha integrada de conectividade.

Todos esses exemplos, entre muitos outros, mostram como a eficiência em nossa vida diária depende dos data centers e, por sua vez, isso mostra como a eficiência energética será importante para os data centers em 2023 e mais além.

Sobre o autor: John Schmidt é vice-presidente para a área de soluções de conectividade para edifícios e data centers da CommScope.

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