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Digitalização de empresas, coleta inteligente de dados e uso do 5G na educação
Especialistas explicaram no Futurecom 2022 como as novas tendências das tecnologias da informação e comunicação impactarão os negócios e a sociedade.
O segundo dia do Futurecom, congresso de tecnologia ocorrido em São Paulo no mês de outubro, teve como temática central as inovações no setor de telecomunicações no Brasil.
Primeiramente, houve um painel dedicado a análises sobre a liberação da faixa de 3,5 GHz para o 5G no país. Estavam presentes Leandro Guerra, presidente da Entidade Administradora da Faixa (EAF), Moisés Queiroz Moreira, presidente do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência na faixa de 3.625 a 3.700 MHz (GAISPI) da Anatel, Eduardo Tude, presidente da Teleco, Luciano Stutz, presidente da Abrintel e Wilson Cardoso, CTO da Nokia.
Acertos da Anatel e perspectivas para o 5G
Os especialistas teceram elogios à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pela organização do leilão do 5G no país, que, segundo eles, foi bem planejado e executado. Uma vantagem citada foi o fato de o leilão não ter sido arrecadatório.
"Outro ponto forte da ação da Anatel foi ter priorizado a faixa de 3,5 GHz, com banda larga de 100 megas. Sem isso, não temos um 5G que faça a diferença. No caso dos EUA, não fizeram isso e atrasaram o processo. AT&T e Verizon acabaram ficando com velocidades baixas para 5G. Então essa espera para comprar a faixa valeu a pena", analisa o CTO da Nokia.
Quanto aos potenciais do 5G, os especialistas enfatizaram que não se pode esperar que a criação de cidades inteligentes, serviços com drones, e carros autônomos seja imediata. No atual momento, é importante pensar em aplicações relativamente mais simples, como o uso da tecnologia de realidade aumentada na medicina.
Digitalização de empresas e indústrias
Livius Aguiar, desenvolvedor de Digitalização da Siemens, e Alex Barucco, gerente de serviços conectados da Scania, deram dicas sobre a implementação de inteligência artificial (IA) e 5G pelas indústrias.
De início, Livius citou algumas tecnologias que auxiliam na digitalização das organizações. São elas: a computação em nuvem, a inteligência artificial, o design generativo, a realidade aumentada, a robótica avançada, a manufatura aditiva, o 5G, a computação de borda, o metaverso e a internet das coisas (IoT).
O 5G é especialmente relevante para a indústria, uma vez que possui uma latência extremamente baixa, o que facilita o bom funcionamento das máquinas. Porém, é preciso ter claro o objetivo que se almeja ao utilizar o 5G ou qualquer outra tecnologia. "Saiba para qual fim você quer empregar o 5G, a IA. Não se pode olhar para essas tecnologias como um fim, mas como meio para que o cliente alcance a jornada de digitalização", afirma Livius.
Em relação à implementação da jornada de digitalização, os especialistas explicaram que ela passa por três etapas. Na primeira delas, deve-se conectar ativos em diferentes níveis e coletar dados. Já a segunda é a etapa da transparência operacional, em que se busca melhorar o processo existente para impactar os KPIs básicos e gerar novos insights e processos para capturar valor dos dados. A última etapa é a digitalização da empresa, com a implementação da tecnologia em toda a organização, criando sistemas altamente interconectados.
Uma das indústrias que mais se beneficiam da digitalização, segundo Livius, é a automotiva: "É possível ter o gêmeo digital da planta antes mesmo de construí-la, saber quanto ela vai gastar de energia e prever o mean time between failures. O cliente consegue ver as falhas no mundo digital e consertá-las no real antes mesmo de elas acontecerem".
O 5G na educação
O tema do impacto do 5G nas escolas e universidades foi abordado por Vicente Aquino, conselheiro da Anatel, André Miceli, editor chefe da MIT Technology Review, Thalles Gomes, coordenador jurídico da Cieb, e Paulo Kuester, analista de projetos na NIC.br.
Os especialistas ressaltaram os problemas generalizados de acesso à internet nas instituições de ensino públicas do país. "Precisamos construir soluções para superar os gargalos na conectividade na educação pública. Temos que levar conectividade de qualidade para as escolas e promover o potencial uso dessa internet, tendo em mente fatores como a competência digital dos professores e os dispositivos e recursos digitais", constatou Thalles.
Paulo complementou dizendo que existe uma concentração de conectividade em determinadas cidades, como São Paulo, ao passo que, nas zonas rurais, o acesso é limitado. Além disso, dentre as escolas que possuem conectividade, muitas vezes ela se destina a funções administrativas, e não pedagógicas.
Outro problema é a velocidade da internet das escolas, algo que poderia ser solucionado com o 5G. No entanto, os especialistas acreditam ser necessário desenvolver ações antes da chegada do 5G nesse contexto, como o treinamento digital dos professores, o incentivo ao uso frequente de dispositivos para fins educacionais e a instrução de alunos, professores e escolas a respeito da cibersegurança.
"É crucial capacitar e letrar os professores a fim de maximizar a experiência das crianças com o 5G. Também precisamos lembrar do tema da cibersegurança, que é muito importante no ambiente escolar, por ser um lugar de formação das crianças e de um primeiro contato com a tecnologia", aponta Vicente.