De serviços essenciais a jogos, o Brasil está migrando rapidamente para a nuvem
Setores relevantes da economia nacional aceleraram seus processos de inovação e transformação digital no começo deste ano, logrando a implantação de projetos robustos e escaláveis baseados na nuvem.
A tendência de ter toda a informação sempre disponível, em qualquer dispositivo e independentemente da forma de acesso é algo que se consolidou nos últimos anos.
Este serviço, que se baseia em computadores ou servidores interligados é conhecido como Cloud (Nuvem) e é oferecido em planos gratuitos ou pagos. Sua função e manter os dados, sejam eles arquivos, fotos, vídeos, senhas ou jogos, entre outros, sempre disponíveis, para que usuários pessoais ou corporativos possam acessá-los quando quiserem.
Atualmente, grandes empresas de tecnologia como Google, Microsoft e Apple possuem suas próprias nuvens para manter usuários em seus ecossistemas, mas empresas mais especializadas como Dropbox, Box e Mega também disponibilizam seus serviços de armazenamento em nuvem.
Existem quatro modalidades de computação em nuvem:
A nuvem pública, que permite que empresas utilizem servidores de forma simultânea, mas ainda separada, com o provedor da nuvem sendo responsável pela segurança e manutenção.
A nuvem privada, à qual só uma empresa possui acesso, e que pode ser proprietária e armazenada localmente.
A nuvem híbrida, que une ambos os conceitos, permitindo que infraestruturas possam ser combinadas para diferentes propósitos de uso.
A nuvem de comunidade, que compartilha recursos apenas entre organizações ou empresas com propósitos em comum.
Maior gasto e inveestimento
Os gastos mundiais dos usuários finais em serviços de nuvem pública cresçam 20,4% em 2022, totalizando US$ 494,7 bilhões, acima dos US$ 410,9 bilhões registados em 2021, de acordo com a última previsão do Gartner. Em 2023, espera-se que os gastos dos usuários cheguem a US$ 600 bilhões.
"A nuvem é a potência que impulsiona as organizações digitais de hoje", diz Sid Nag, vice-presidente de pesquisa do Gartner. "Os CIOs estão além da era da exuberância irracional da aquisição de serviços em nuvem, e estão sendo cuidadosos em sua escolha de provedores de nuvem pública para gerar resultados de negócios e tecnologia específicos e desejados em sua jornada de transformação digital."
A previsão é de que a infraestrutura como serviço (IaaS) experimente o maior crescimento de gastos do usuário final em 2022, com 30,6%, seguido por desktop como serviço (DaaS), com 26,6%, e plataforma como serviço (PaaS), com 26,1%.
A nova realidade do trabalho híbrido está levando as organizações a deixarem de capacitar sua força de trabalho com soluções tradicionais de computação para clientes, como desktops e outras ferramentas físicas no escritório, para investir no DaaS, cujos gastos devem alcançar US$ 2,6 bilhões em 2022. Já a demanda por os recursos nativos da nuvem por parte dos usuários finais deve elevar para US$ 109,6 bilhões os gastos com PaaS.
Previsão de gastos do usuário final de serviços de nuvem pública mundial (em milhões de US$)
|
2021 |
2022 |
2023 |
Cloud Business Process Services (BPaaS) |
51,410 |
55,598 |
60,619 |
Cloud Application Infrastructure Services (PaaS) |
86,943 |
109,623 |
136,404 |
Cloud Application Services (SaaS) |
152,184 |
176,622 |
208,080 |
Cloud Management and Security Services |
26,665 |
30,471 |
35,218 |
Cloud System Infrastructure Services (IaaS) |
91,642 |
119,717 |
156,276 |
Desktop as a Service (DaaS) |
2,072 |
2,623 |
3,244 |
Total Market |
410,915 |
494,654 |
599,840 |
BPaaS = processo de negócio como serviço; IaaS = infraestrutura como serviço; PaaS = plataforma como serviço; SaaS = software como serviço. Nota: Os totais podem não bater devido a arredondamentos. Fonte: Gartner (abril de 2022).
"Os recursos nativos da nuvem, como conteinerização, plataforma de banco de dados como serviço (dbPaaS) e inteligência artificial/aprendizagem de máquina contêm recursos mais ricos do que a computação comoditizada, como IaaS ou rede como serviço", disse Nag. "Como resultado, eles geralmente são mais caros, o que está alimentando o crescimento dos gastos."
O SaaS continua sendo o maior segmento de mercado de serviços de nuvem pública, com previsão de atingir US$ 176,6 bilhões em gastos de usuários finais em 2022. O Gartner espera uma velocidade constante nesse segmento, à medida que as empresas adotam várias rotas para o mercado com SaaS, por exemplo, por meio de mercados de nuvem, e continuam a quebrar aplicativos maiores e monolíticos em partes que podem ser compostas para processos de DevOps mais eficientes.
Tecnologias emergentes em computação em nuvem, como computação de borda em hiperescala e borda de serviço de acesso seguro (SASE), estão afetando mercados adjacentes e formando novas categorias de produtos, criando fluxos de receita adicionais para provedores de nuvem pública.
Crescimento e adoção
Uma das empresas que notou esse crescimento na demanda no Brasil foi a SAP Brasil, que registrou no primeiro trimestre de 2022 mais um período de crescimento acelerado, impulsionado principalmente pelo forte apetite do mercado nacional por soluções baseadas em nuvem. O principal vetor do sucesso foi a oferta de transformação digital como serviço RISE with SAP, que cresceu em três dígitos em comparação com o 1º trimestre do ano anterior, consolidando a posição da SAP como provedora de soluções cloud.
Setores relevantes da economia nacional, como bancos, indústrias de manufatura e óleo e gás aceleraram seus processos de inovação e transformação digital no começo deste ano, logrando a implantação de projetos robustos e escaláveis baseados na nuvem.
A Petrobrás, por exemplo, continua em seu processo de transformação digital com a SAP, como parte de um roteiro de cinco anos. Depois de entrar em operação no último trimestre com o SAP Environment, Health and Safety Management para apoiar as metas de sustentabilidade em seus grupos de pesquisa e corporativos, a empresa agora está expandindo o programa para mais de 5.500 funcionários das áreas de refinaria e gás natural. A Petrobrás também adotou o SAP SuccessFactors Employee Central, Recruiting e Onboarding para automatizar processos de RH e oferecer recursos de autoatendimento para 40 mil funcionários.
A Tramontina, multinacional brasileira com 110 anos de história e presença em mais de 120 países, acelerou sua transformação com a adoção do RISE with SAP para gerenciar seu crescimento. A empresa vai transformar totalmente sua infraestrutura tecnológica com a adoção de uma combinação de SAP S/4HANA Cloud e SAP Analytics Cloud para atingir suas metas elevadas de crescimento. Além disso, vai integrar o SAP Integrated Business Planning e SAP Extended Warehouse Management para simplificar seus processos logísticos e de gestão da cadeira de suprimentos.
A nuvem e os games
A oferta de serviços e software em nuvem são as grandes apostas da Microsoft para os próximos anos e deve contribuir para um considerável crescimento da empresa. A expectativa é de que a companhia registre cerca de US$ 49 bilhões em vendas no trimestre encerrado em março.
Trata-se de um aumento de quase 18% em relação ao ano anterior. Segundo analistas, o lucro líquido da gigante da tecnologia deve chegar aos US$ 16 bilhões, o que representa um crescimento de 6,2%.
Um dos setores que mais crescerá com o investimento na nuvem é o de videogames, por exemplo, o serviço da empresa chamado Xbox Cloud Gaming já acumulou 10 milhões de pessoas, e continua crescendo, e basta lembrar que em janeiro deste ano, a Microsoft comprou a Activision Blizzard Inc. por US$ 75 bilhões, na maior aquisição de todos os tempos, sendo agora a proprietária de franquias de vários games de sucesso, como Call of Duty, World of Warcraft e Candy Crush.
O acordo deve reforçar o serviço de assinatura Game Pass da Microsoft, que oferece inúmeros jogos por uma taxa mensal.
O braço de videogame gerou cerca de 10% da receita da empresa em 2021 e deve se transformar em negócio prioritário, utilizando a infraestrutura em nuvem para assumir a liderança em um setor emergente e com alta demanda.