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Cerimônia de abertura da Olimpíada vai colocar esquema de segurança à prova em Paris

Diretor da Came do Brasil, Marco Barbosa vê “alto grau de risco” de terrorismo e diz que não há como garantir 100% de proteção em locais abertos com mais de 300 mil pessoas.

Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, uma cerimônia de abertura da maior competição esportiva do planeta não será realizada em um estádio. O grande evento que inaugura a Olimpíada de Paris-2024 ocorrerá em um desfile que seguirá o curso do Rio Sena, em um trajeto de aproximadamente seis quilômetros, realizado com um número estimado de 94 barcos, que transportarão 10.500 atletas e outros membros das delegações dos países participantes, além de artistas convidados, passando por baixo de pontes e atravessando tradicionais pontos turísticos da capital francesa. 

O formato inédito permitirá que quase 330 mil pessoas acompanhem a cerimônia in loco. Porém, ao mesmo tempo, vai deixar o público e os competidores muito mais expostos aos riscos de serem vítimas de ataques terroristas. O fato é alertado por Marco Barbosa, diretor da unidade brasileira da Came, líder mundial em produtos para automação e controle de acesso. O especialista em segurança enfatiza que, com esse modelo escolhido pelos organizadores para o evento, é praticamente impossível garantir 100% de proteção a todos os presentes.

“Em termos de espetáculo, realizar a cerimônia desta maneira inédita é uma ‘jogada’ fenomenal de Paris, cidade conhecida mundialmente e desejada como ponto turístico. Entretanto, desta forma o risco é muito maior e vale lembrar que a França foi palco de atentados bem violentos nos últimos tempos, como aquele em que um caminhão atropelou centenas de pessoas, em Nice (deixando 86 mortos e 458 feridos, em 2016). E quanto maior é o aglomerado de gente, mais susceptível um local fica aos possíveis atos terroristas. Vai ter uma série de ações sendo feitas para tentar minimizar os riscos, como, por exemplo, o uso de policiais trabalhando à paisana e de snipers posicionados em locais estratégicos, mas, quando a gente fala de um público de mais de 300 mil pessoas, é muito difícil sustentar que haverá 100% de segurança. Então, existe um risco? Sim, existe. E os organizadores estão ‘pagando para ver’”, ressalta Barbosa.

Na última sexta-feira (19), o Comitê Organizador dos Jogos de Paris confirmou que trabalha até com a possibilidade de um plano B para a cerimônia de abertura em caso de ameaças de ataques terroristas. Essa alternativa inclui a chance de levar o evento para o Stade de France ou à praça do Trocadero, perto da Torre Eiffel. Entretanto, os organizadores garantiram que ainda não houve nenhum sinal de ameaça que motive uma mudança. E eles estão confiantes no forte esquema de segurança, que contará com 45 mil policiais, atiradores no alto de prédios, um sistema para proibir a passagem de drones e até o fechamento do espaço aéreo, liberado apenas para os aviões que façam parte da cerimônia.

O diretor da Came, porém, reforça que é muito complexo e complicado montar um sistema de proteção que abranja um espaço urbano tão amplo e um número tão grande de pessoas.

“Um evento dessa magnitude, que será o da abertura da Olimpíada, com enorme exposição global e muita gente importante, é o palco perfeito para quem quer cometer um ato de terrorismo e ganhar visibilidade com esse tipo de ação violenta. Por isso, eu acredito que existe um alto grau de risco”, analisa Barbosa. “Eu acho que o mais prudente seria fazer a cerimônia em um lugar confinado, como em um estádio, onde os organizadores conseguiriam ter um controle maior. Agora é torcer para que tudo dê certo e todos passem por essa experiência sem nenhum trauma”, completa o diretor da Came.

Em maio do ano passado, o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, chegou a dizer que eram esperadas 600 mil pessoas no evento de abertura da Olimpíada de Paris. Entretanto, devido às preocupações com questões de segurança, esse número depois caiu quase pela metade. Com cerca de quatro horas de duração, a cerimônia começa às 14h30 (de Brasília) desta sexta-feira.

A Came na Olimpíada de Paris

Além de montar um complexo esquema para resguardar o evento que abre oficialmente os Jogos Olímpicos, a organização reforçou a proteção ao público e aos atletas em todos os locais de competições. Três deles contarão com produtos da Came, escolhida para liderar projetos de segurança nos quais diferentes equipamentos fornecidos pela empresa serão usados para a gestão do fluxo dos torcedores em três das principais sedes da Olimpíada: o Stade de France, o estádio Parque dos Príncipes e o complexo de tênis de Roland Garros.

Mais importante palco do futebol francês, o Stade de France vai abrigar as disputas do atletismo e do rugby sevens na Olimpíada. No local, a Came instalou 167 catracas, sendo 39 delas de um modelo voltado principalmente ao controle rápido de entrada e saída do público. Já 112 desses dispositivos, além de operarem com eficiência, possuem leitores de identificação facial, enquanto outras 16 catracas funcionam como portões, cujas barreiras acrílicas abrem e fecham para permitir a passagem fácil de pessoas com deficiência.  

O Parque dos Príncipes, casa do Paris Saint-Germain, receberá as partidas de futebol masculino e feminino da Olimpíada. Para essa sede olímpica, a Came forneceu 28 catracas de três modelos diferentes, sendo 27 delas com braços giratórios, cuja operação prática e sua tecnologia pesaram para que fossem escolhidas pelos organizadores e instaladas no estádio do PSG.

E a multinacional de origem italiana também foi selecionada para cuidar dos sistemas de controle de acesso do complexo de Roland Garros, que abrigará as disputas do tênis e do boxe olímpico. Em fevereiro passado, o local ganhou 16 novas catracas da empresa, que substituíram outras no local.

Antes da Olimpíada de Paris, a Came também integrou o sistema de segurança da última Eurocopa, realizada entre os dias 14 de junho e 14 de julho, na Alemanha, onde a companhia não forneceu equipamentos para os estádios da competição, mas disponibilizou bollards e road blockers (barreiras retráteis de alta resistência) solicitados para as áreas externas próximas às arenas que receberam as partidas do maior torneio de seleções do futebol europeu.

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