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As big techs já acumulam milhares de demissões em apenas duas semanas de 2024

Em 45% das empresas não há critérios bem definidos para dispensar uma pessoa. Como isso afeta tanto o demitido quanto o restante da equipe? Um especialista nos explica.

As tendências de layoffs não mostram um sinal de regressão em 2024 com a onda de demissões em massa em empresas de tecnologia, como Amazon, Google e Duolingo, em um esforço para reduzir custos. Esses cortes vêm acontecendo desde 2022 e segundo o site de monitoramento Layoffs.fyi, cerca 262 mil pessoas perderam o emprego em 1.186 empresas de tech. Neste ano, desde 1º de janeiro, mais de 4 mil colaboradores foram dispensados por 27 empresas do setor. A mais recente foi a plataforma de comunicação Discord, que cortou 17% da equipe.

De acordo com um estudo do Employee Experience, elaborado pelo Great Place to Work, 72,2% das corporações não treinam ou capacitam suas lideranças sobre demissão, dado esse que o relatório considera “alarmante”. Além disso, em 45,1% das empresas não há critérios bem definidos para dispensar uma pessoa. A grande maioria (84,2%) faz uma reunião individual para comunicar o desligamento do funcionário e outra para dar a notícia ao resto da equipe (57,4%).

O especialista em ética, diversidade, equidade e inclusão, Deives Rezende Filho, destaca que todo processo de demissão acarreta mudanças significativas na vida da pessoa colaboradora dispensado, sendo as mais comuns: medo por ter perdido a renda e não poder pagar os boletos que continuam chegando; baixa autoestima –por mais que às vezes seja um layoff, não tem jeito– estar numa posição de desemprego quase sempre nos afeta negativamente; insegurança para conseguir uma nova oportunidade; medo da rejeição; receio do que a família vai pensar ou dizer a respeito; medo do futuro, que passa a ser muito incerto e imprevisível; tristeza por não estar mais perto de alguns colegas que se tornaram amigos; e pavor de pensar em mudanças de rotina e corte de despesas.

Deives Rezende Filho é especialista em temas de Governança Ética, graduado em Ciências Contábeis, possui MBA em Gestão Empresarial (FGV-SP) e extensão em Negociação e Sustentabilidade (FGV). Rezende tem trabalhado em organizações nacionais e internacionais como Itaú, Unibanco, Instituto Ethos, Grupo Stratus, Citibank, Credit Suisse, Morgan Stanley, JPMorgan, Royal Bank of Canada e Banco Real.

Com base em sua experiência, Rezende acredita que um processo de demissão sempre causa dor ou desconforto para quem é demitido ou para quem demite, “exceto se o líder for um ‘psicopata corporativo’ que não tem apreço às pessoas, emoções ou empatia. Frisando, mais uma vez, que o termo mais correto nesta situação é demissão respeitosa e não humanizada. Não há quem seja demitido e se sinta feliz, ainda mais quando a pessoa colaboradora possui anos na empresa. Ou, ainda, quando tida como uma das melhores da empresa, pede demissão e frustra os planos da gestão, por exemplo", diz o executivo, que também é CEO da Condurú Consultoria.

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