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Ambientes de nuvem no Brasil: segurança em risco e soluções para 2025

Em um cenário onde mais de um terço dos ambientes de nuvem estão criticamente expostos, empresas brasileiras enfrentam o desafio de fortalecer sua segurança digital para 2025.

Um estudo recente da Tenable revela um cenário alarmante para a segurança em nuvem no Brasil: mais de um terço dos ambientes de nuvem no país está criticamente exposto a vulnerabilidades, o que demonstra a necessidade urgente de fortalecer práticas de segurança digital para eliminar vulneráveis e se proteger de ataques cibernéticos cada vez mais sofisticados.

A transformação digital traz avanços significativos, e também desafios que não podem ser subestimados. No Brasil, o cenário de segurança cibernética é particularmente desafiador devido, em grande parte, à confiança excessiva nas proteções fornecidas pelos provedores de serviços. As empresas não fazem uma análise aprofundada dos riscos inerentes a esses ambientes e acabam tornando-se alvos fáceis para invasores. O resultado são violações de dados, prejuízos financeiros e danos à reputação.

Desafios legais: impacto da LGPD na segurança em nuvem

A implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em 2020 trouxe novas exigências para a gestão de segurança em ambientes digitais no Brasil, devido à obrigatoriedade de as empresas protegerem rigorosamente os dados pessoais sob sua custódia. A pressão sobre as organizações que operam em nuvem aumentou, e elas foram obrigadas a reestruturar suas estratégias de segurança e de governança de dados, uma vez que não cumprimento dessas diretrizes pode resultar em multas pesadas e sérios danos à imagem das empresas, além de uma possível perda de confiança dos consumidores.

A conformidade com a LGPD inclui medidas de segurança avançadas, como a criptografia de dados, a autenticação multifator e a implementação de processos de resposta a incidentes. Além disso, é fundamental que as organizações garantam o consentimento explícito dos usuários para o processamento de seus dados e que estejam preparadas para atender prontamente às solicitações dos titulares de dados, como previsto pela legislação.

O desafio de adequação à LGPD não se limita apenas a grandes corporações. Pequenas e médias empresas que adotam serviços de nuvem também precisam estar cientes de suas responsabilidades legais, sobretudo no que diz respeito à proteção de dados sensíveis.

Principais ameaças aos ambientes de nuvem

O aumento de ataques cibernéticos e vulnerabilidades expõe as fragilidades de muitos ambientes de nuvem no Brasil. Um dos principais riscos identificados é o ransomware, um tipo de ataque que bloqueia o acesso a sistemas até que um resgate seja pago. De acordo com dados da ISH Tecnologia, foram descobertas 28.205 vulnerabilidades em aplicativos e dispositivos no mundo nas primeiras semanas de setembro de 2024, representando um crescimento de 43% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Além dos ataques de ransomware, os vazamentos de dados causados por erros humanos ou configurações inadequadas são recorrentes. Essas falhas de segurança podem gerar consequências devastadoras, como perdas financeiras, danos à reputação e multas devido à violação da LGPD. As organizações brasileiras precisam, portanto, de soluções robustas que limitem ao máximo o risco de tais incidentes.

Soluções para a segurança em nuvem: boas práticas

Para mitigar os riscos associados à computação em nuvem, as empresas devem adotar uma abordagem proativa de segurança. Entre as principais práticas recomendadas estão:

  • Autenticação Multifator (MFA): A autenticação multifator adiciona uma camada extra de proteção ao exigir que os usuários forneçam mais de uma forma de autenticação para acessar sistemas. Essa medida pode impedir que invasores acessem recursos críticos mesmo se conseguirem obter credenciais de login.
  • Gerenciamento de Identidade e Acessos (IAM): Implementar um sistema robusto de IAM é essencial para controlar quem tem acesso a quais recursos na nuvem. O princípio do menor privilégio é uma das práticas mais eficazes, garantindo que os usuários tenham apenas o acesso necessário para realizar suas funções, limitando, assim, a exposição a riscos.
  • Criptografia de Dados: A criptografia é vital tanto para dados em trânsito quanto em repouso, garantindo que informações sensíveis permaneçam inacessíveis mesmo em caso de violações. Empresas que adotam protocolos de criptografia avançados, como AES-256, asseguram que dados críticos não sejam comprometidos.
  • Monitoramento Contínuo: Ferramentas de monitoramento contínuo são essenciais para detectar ameaças em tempo real. O monitoramento eficaz pode identificar atividades suspeitas e possibilitar uma resposta imediata, limitando os danos potenciais causados por ataques.

Zero Trust Security: um novo paradigma

O modelo de segurança Zero Trust está se consolidando como uma das principais abordagens para mitigar riscos em ambientes de nuvem. A premissa central do Zero Trust é que nenhuma entidade, seja interna ou externa, deve ser automaticamente confiável. Cada solicitação de acesso deve ser verificada e monitorada, independentemente de sua origem.

Empresas que implementam Zero Trust Security beneficiam-se de políticas de acesso granular, autenticação contínua e segmentação de redes. Essas medidas não só dificultam o acesso de atacantes, mas também limitam sua movimentação dentro das redes corporativas, reduzindo o potencial de danos em caso de invasão.

Inteligência artificial na segurança em nuvem

A inteligência artificial (IA) vem desempenhando um papel crucial na detecção e prevenção de ameaças cibernéticas em tempo real. Com a capacidade de analisar grandes volumes de dados, os sistemas de IA podem identificar padrões anômalos que indicam tentativas de ataque. Isso permite uma resposta mais ágil e eficaz, reduzindo significativamente o tempo de reação.

Além disso, a IA é usada na automação de processos de segurança, como a aplicação de patches e atualizações de software, diminuindo a necessidade de intervenção manual e minimizando a probabilidade de erro humano. Esse avanço tecnológico oferece às empresas uma maneira mais eficaz de proteger seus ativos digitais e cumprir com as exigências regulatórias.

Mercado de segurança em nuvem no Brasil: tendências e previsões para 2025

O mercado de segurança em nuvem no Brasil está crescendo rapidamente, impulsionado pela transformação digital acelerada e pelo aumento das exigências regulatórias, como a LGPD. De acordo com previsões da Tenable, as empresas brasileiras aumentarão os investimentos em soluções de segurança em nuvem nos próximos anos, reconhecendo a importância de proteger seus ativos digitais.

Soluções emergentes, como SASE (Secure Access Service Edge) e CNAPP (Cloud-Native Application Protection Platform), estão se tornando cada vez mais populares. Essas tecnologias integram várias funcionalidades de segurança em uma única plataforma, facilitando a gestão e oferecendo uma proteção mais ampla contra ataques.

Além disso, os investimentos em segurança cibernética são cada vez mais vistos como uma prioridade estratégica. Em 2024, o custo médio de uma violação de dados no Brasil foi de R$ 6,45 milhões, conforme relatado pela IBM, reforçando a necessidade de investimentos preventivos em segurança para evitar perdas ainda maiores no futuro.

Ação imediata é necessária

O Brasil atravessa um momento crucial em relação à segurança na nuvem. Diante do aumento da sofisticação e da frequência das ameaças cibernéticas, é imperativo que as empresas brasileiras adotem medidas eficazes para proteger suas informações e cumprir com a legislação vigente. A implementação de soluções inovadoras e práticas de segurança adequadas é essencial para mitigar os riscos e salvaguardar os recursos tecnológicos, contribuindo para um ambiente mais seguro no futuro digital do país.

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