Tendências para garantir a transformação do banco digital na América Latina em 2021

O aumento dos ataques cibernéticos com foco em bancos e fintechs ao longo deste ano ressalta a necessidade de transformar as medidas de proteção à identidade e ao patrimônio de seus clientes.

A pandemia da COVID-19 acelerou tendências que já estavam acontecendo, e os bancos não foram uma exceção. Apesar de que muitas instituições financeiras na América Latina já estavam digitalizando processos que exigiam a presença física, como a verificação de identidade ou assinatura gráfica (de punho e letra), a pandemia priorizou essas transformações.

A mudança no comportamento dos consumidores em relação às ferramentas digitais e o aumento dos crimes de informática contra a infraestrutura crítica manifestam a necessidade de que os bancos, tanto digitais quanto tradicionais, ofereçam medidas de segurança para proteger a identidade e os ativos de seus clientes. O crescimento do banco digital e suas vulnerabilidades impulsionarão quatro tendências em 2021. 

Tendência 1: A legislação de tecnologia financeira e bancária digital modernizará o banco latino-americano

Há um chamado crescente em muitos países latino-americanos (inclusive nos setores de tecnologia financeira e bancária) para introduzir leis que regulamentem a indústria de banco digital. Sem dúvida, estas medidas irão resultar em uma mudança na maneira em que o setor funciona. Por exemplo, em 2018, o México se converteu no primeiro país da região a aprovar uma lei para regular os serviços prestados pelas instituições financeiras através de meios tecnológicos. Esta legislação, melhor conhecida como Lei Fintech, contempla a regulação dos pagamentos eletrônicos, financiamento coletivo, administração de ativos virtuais e oferta de assistência financeira através dos canais digitais. Além disso, ele inclui penalidades para crimes como o roubo de identidade. 

A Lei Fintech coloca o México na vanguarda em matéria de inovação financeira. Embora a União Européia e o Reino Unido tenham promulgado leis para o uso de plataformas bancárias abertas, o México é o primeiro país na região a regular fintechs para resolver o desafio da inclusão financeira. 

Tendência 2: O aumento no crime informático porá os consumidores e instituições financeiras em alerta

A Interpol emitiu um relatório em agosto onde detalha um pico no crime informático durante a pandemia de COVID-19. Os cibercriminosos passaram a ter como alvo indivíduos e pequenas empresas para atacar governos e infraestrutura crítica. Isso coloca em maior risco as instituições financeiras. O ciberataques de alto nível contra instituições financeiras no México e em outros países têm colocado em evidência as vulnerabilidades que devem ser abordadas para proteger os dados e ativos.

Enquanto as instituições financeiras trabalham para se proteger e proteger seus clientes de ataques cibernéticos, os criminosos estão utilizando técnicas cada vez mais sofisticadas para obter acesso a informações de valor digital. Espera- se que os ataques de malware, ransomware, phishing e vírus aumentem à medida que as empresas digitalizarem suas operações. Ambos os indivíduos e as instituições devem ser informados sobre as ameaças de criminosos e as maneiras de prevenir a fraude e os ataques.

Tendência 3: Melhor proteção para os consumidores por meio da inteligência artificial, da aprendizagem de máquina e da biometria

A digitalização dos serviços financeiros dará lugar a uma maior confiança nos protocolos de segurança cibernética mais novos e sofisticados, que ajudarão as instituições financeiras a estar um passo à frente dos criminosos. O setor está testando tecnologias como a inteligência artificial, aprendizado de máquina e a biometria para prevenir fraudes e garantir a veracidade da identidade, independente do comportamento do usuário final.

Algumas dessas tecnologias, que já estão em operação em bancos, incluem a biometria de comportamento sofisticada, que escaneia documentos de identidade emitidos por governos e, em seguida, pede ao usuário para tirar uma foto para verificar a sua identidade. Essas técnicas de verificação biométrica dinâmica utilizam a aprendizagem de máquina para identificar os padrões de interação do usuário e criar um conjunto único de parâmetros que confirmam a identidade.

Isso pode ser combinado com outros métodos de verificação biométrica como impressões digitais, identificação em pessoa ou senhas, que deixarão de ser usados com o tempo porque eles são colocados em risco com facilidade. As técnicas e estratégias de verificação digital, como as assinaturas eletrônicas, estão em crescimento na região graças à ajuda que dão em automatizar as operações e processos tanto para as instituições financeiras como para os seus clientes.

Tendência 4: Bancos e tecnologia se unirão para colaborar e inovar

A América Latina se converteu em um centro de atividade de open banking. As tecnologias financeiras estão aproveitando as APIs para fornecer plataformas que conectam bancos, empresas e consumidores. Na Europa, por exemplo, os bancos tradicionais estão colhendo os benefícios de banco aberto graças ao PSD2, uma série de diretivas da UE destinadas a nivelar as condições de pagamentos e fortalecer a segurança e proteção do consumidor. Isto irá promover uma maior confiança com os clientes e de segurança na autenticação e na redução de riscos.

Através destas novas parcerias, os bancos e provedores de tecnologias terão acesso a mercados maiores, maior renda, uma melhor experiência com clientes e serviços novos e inovadores. Estas parcerias são construídas sobre plataformas SaaS que oferecem uma funcionalidade importante e segurança para atender os requisitos de conformidade, permitindo que os bancos se concentrem no serviço aos seus clientes, enquanto outros fornecem a tecnologia.  

O crescimento do banco aberto faz com que a parceria entre a tecnologia e os bancos seja ainda mais importante, especialmente contra a pandemia e a mudança consequente nos consumidores. A ampla experiência das instituições financeiras na cibersegurança vai permitir receber esta mudança de braços abertos.

Sobre o autor: Juan Pablo Jiménez é vice-presidente de vendas para a América Latina da OneSpan.

 

 

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