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O que 2024 reserva para o segmento de inovação e startups

Especialista em inovação e empreendedorismo compartilha quatro tendências que vê como as mais importantes para as startups neste ano.

Sem dúvidas, o investimento em inovação vem se tornando um requisito obrigatório para que as empresas permaneçam ativas em um ambiente cada vez mais competitivo. Não à toa, para alavancar o crescimento empresarial, o Governo Federal anunciou recentemente um investimento de R$60 bilhões em oportunidades para os empreendedores inovarem, sendo R$40 bilhões do BNDES e o restante da Finep, agência pública que apoia o financiamento à inovação.

Além disso, segundo as projeções do Gartner, prevê-se que, até 2024, os investimentos globais em Tecnologia da Informação aumentem em 8%, atingindo um total de US$5,1 trilhões. Nesse contexto, é crucial estar atento às inovações que prometem influenciar significativamente o cenário global nos meses vindouros.

Quando pensamos no universo das startups, essa inovação, muitas vezes, pode ser traduzida em novas ferramentas e tecnologias, que aprimoram a eficiência e competitividade do negócio, resultando em um largo crescimento.

Diante desse contexto, o que podemos esperar para impulsionar o segmento das startups em 2024? Com toda certeza, o investimento em novas tecnologias e aprimoramento de soluções já desenvolvidas será amplamente explorado pelos empreendedores. No horizonte do ano que se inicia, algumas tendências se destacam como grandes promissoras.

Ascensão da inteligência artificial

O potencial da inteligência artificial (IA) vem crescendo progressivamente ano após ano. Assim, a tendência é que seu uso se expanda em diversas outras aplicações, como a implementação de algoritmos de IA às soluções de machine learning (ML) e internet das coisas (IoT), ampliação da IA generativa e assim por diante.

Sobre a disseminação da IA generativa (GenAI), um tema amplamente discutido em 2023, as integrações envolvendo computação em nuvem e código aberto estão tornando os modelos mais acessíveis, permitindo que startups os incorporem cada vez mais em seus produtos. Esse progresso sugere uma rápida adoção, inclusive para 2024, democratizando o conhecimento e as habilidades dentro das organizações e causando impactos significativos nos diversos modelos de negócios existentes. Com isso, podemos esperar por melhorias em áreas que vão desde o atendimento ao cliente até diagnósticos médicos mais avançados.

Blockchain em transações mais seguras

Ao final de 2022, mais de 103 bilhões de tentativas e ameaças de ataques cibernéticos foram registradas no Brasil, segundo um levantamento da Fortinet. Sendo assim, em 2024, ferramentas de blockchain terão um papel decisivo na segurança e confiabilidade de transações, sejam elas no segmento financeiro, na área da saúde ou do varejo, por exemplo. Seu uso tem como proposta viabilizar transações transparentes e a rastreabilidade de dados e de contratos inteligentes.

No cenário financeiro, com previsão para 2024, o DREX destaca-se como um exemplo positivo da implementação de blockchain na transição da moeda para um formato digital. Essa iniciativa visa facilitar e simplificar o registro e a negociação de ativos tokenizados.

Ampliação da robótica

Especialmente no segmento industrial, o investimento em robótica tem otimizado diversos processos operacionais. Para 2024, o segmento apresenta projeções positivas, visto que as empresas estão apostando cada vez mais na criação de robôs. Assunto bastante controverso, ainda existem profissionais que acreditam que essa tecnologia reduzirá postos de trabalho. Entretanto, a verdade é que a robótica ajuda a expandir as oportunidades no segmento empresarial, especialmente nas áreas de tecnologia e inovação, em que o mercado precisa de profissionais qualificados para desenvolver esses robôs e assegurar que eles atuem de forma correta, coordenada e estratégica.

Quando se trata de robôs humanoides, por exemplo, a Tesla apresentou no final de 2023 a sua nova versão do Optimus, apelidada de Optimus –Gen 2. Esta versão apresenta um visual refinado, é mais leve e oferece melhorias na velocidade de interação e locomoção. Essas características podem ser benéficas para modelos de negócios nos quais esses robôs são empregados em operações repetitivas, como em restaurantes e fábricas.

Expansão da economia circular

Uma das principais tendências a serem acompanhadas em 2024 é o da economia circular. Para se ter uma dimensão, a cada ano, são produzidos no Brasil cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos, de acordo com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), sendo que boa parte não recebe um destino adequado.

A partir disso, o conceito visa eliminar desperdícios por meio do uso mais consciente de recursos naturais, fazendo com que as organizações extraiam o máximo desses recursos e consigam recuperar o que for possível ao final de cada ciclo de produção, reutilizando e otimizando os processos corporativos em prol de uma dependência cada vez menor das matérias primas.

Uma tendência notável é o aumento de negócios que incentivam os usuários a devolverem seus produtos antigos, recebendo descontos para a aquisição de um novo. Além de contribuir para a redução da produção de resíduos, esses novos modelos possibilitam conhecer melhor o usuário e reintroduzir na indústria materiais passíveis de reciclagem. Isso resulta na fidelização dos consumidores, que estão cada vez mais conscientes em relação às suas compras e descartes.

Além das tendências citadas anteriormente, é importante destacar que, para o próximo ano, muitas outras inovações devem aquecer o mercado de startups. Deste modo, cada negócio terá que avaliar de maneira criteriosa as necessidades específicas do seu setor, investindo em soluções que realmente façam sentido para o seu modelo de negócio, mas sempre tendo como base que integrar tecnologias inovadoras é um caminho fundamental para proporcionar vantagens competitivas, impulsionar o negócio e, sobretudo, apoiar o desenvolvimento da sociedade.

Sobre o autor: Felipe Araújo é gestor de PGI -Gestão da Informação- no Hub InovAtiva e analista de Empreendedorismo e Inovação na Fundação CERTI. Engenheiro Eletricista com MBA em Tecnologia para Negócios, com ênfase em IA, ciencia de dados e big data, é especialista em inteligência artificial e aprendizado de máquina e conta com mais de 10 anos de experiência na área do empreendedorismo inovador e gestão de produtos digitais.

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