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Indústria inteligente por um mundo mais eficiente
Casos reais desses ganhos verificados pelo uso de IA em ambientes industriais por empresas no Brasil.
Houve um tempo em que a inteligência artificial (IA) era coisa de filme, de livros de Isaac Asimov, algo distante de nossas vidas. Esse tempo, se ainda não acabou, está perto do fim. Chegamos a um ponto em que praticamente todo mundo já ouviu falar em IA. O conceito se populariza, aplicações chegam ao dia a dia de pessoas e empresas, e os casos de êxito de adoção dessas ferramentas se multiplicam.
Esse movimento de evolução é visível quando observamos o Hype Cycle do Gartner. O gráfico, divulgado anualmente pela consultoria, mostra claramente a IA atingindo o Pico das Expectativas Infladas e caindo para o Vale das Desilusões lá por meados da década passada. Agora, segue firme e forte atingindo o Platô da Produtividade e se consolidando como um aliado poderoso na digitalização das organizações.
O amadurecimento natural da tecnologia e do mercado justifica esse avanço, com níveis de compreensão tanto do conceito quanto de suas aplicações. Até porque, na prática, IA nada mais é do que um conjunto de técnicas e códigos que permitem a solução de problemas recorrentes, automatizando rotinas, aprendendo com padrões de dados e apoiando a tomada de decisões. Em um mundo hiperconectado, que gera volumes gigantescos de informações a cada segundo, a capacidade de gerar cenários com o apoio dos algoritmos é um ativo valioso e que traz benefícios reais.
Quando falamos na aplicação de IA em ambientes industriais, há muita coisa acontecendo. Empresas têm adotado esse tipo de tecnologias em suas linhas de produção para garantir coesão entre coisas que até então não se comunicavam. A conexão da infraestrutura nas plantas fabris tem gerado muitos dados que podem ser aproveitados para otimização de processos. E, ao identificar casos de uso, a IA trabalha com essas informações permitindo que indústrias ataquem gargalos de forma mais efetiva, reduz desperdício e otimiza a eficiência de processos.
Há outros ganhos igualmente importantes a partir da padronização de operações com o uso de plataformas de inteligência artificial: maior previsibilidade e replicabilidade de processos e, no limite, um impacto tangível na qualidade do produto acabado.
Ao longo dos últimos anos, temos trabalhado em dezenas de iniciativas de aplicação de IA em processos industriais junto a clientes no Brasil. A jornada percorrida até agora nos permite uma série de aprendizados e, mais do que isso, temos visto benefícios reais do uso da IA nos ambientes industriais.
A seguir, apresento dois casos reais desses ganhos verificados pelo uso de IA em ambientes industriais por empresas no Brasil.
Mais de três mil e quinhentas árvores preservadas por ano
Muitas empresas buscam reduzir sua pegada de carbono. A sigla ESG emerge como uma meta corporativa para muitos setores. IA é uma aliada também nesse front, e temos presenciado projetos que, além de trazerem eficiência, endereçam temas ambientais.
Provocados por clientes engajados nessa questão, fizemos alguns cálculos sobre o impacto da IA na redução de carbono. O projeto começou com uma empresa de cimento, onde o tema da sustentabilidade e redução da pegada ambiental é extremamente relevante.
Analisando a atuação do Leaf, nossa solução de IA para controle industrial, nesse cliente em específico, verificamos que a solução garantiu redução de 2.946 toneladas de CO2 em um intervalo de 10 meses.
Resolvemos extrapolar a análise para entender o que isso significa em termos práticos. Considerando que 1 tonelada de CO2 equivale a 7 árvores, podemos concluir que essa redução de emissão de CO2 significa a preservação de mais de 400 árvores por ano!
Ficamos animados com o resultado e resolvemos ampliar a reflexão para outros clientes que usam a mesma solução de IA em seus processos, para ver o impacto da tecnologia em redução de CO2. Considerando 12 empresas, com um total de 20 aplicações, verificamos que a IA permite redução aproximada de 24.833 toneladas de CO2 por ano. Sabe quanto isso representa? 3.478 árvores, o que corresponde a cerca de 20.864 m² de área reflorestada.
Um ano de energia para uma cidade de 115 mil habitantes
Apesar de cada empresa ter suas especificidades, existem processos e objetivos comuns entre praticamente todas elas. Diversos executivos com quem conversamos nos indicam um desafio particularmente comum de negócios: aumentar a geração de energia sem aumentar o consumo de combustível em seus equipamentos, que, por sua vez, usam combustível renovável proveniente de seu processo industrial.
Conhecendo processos e modelos de operação, pudemos treinar um algoritmo de IA que conseguiu compreender a variabilidade do combustível das caldeiras e melhorou a geração de vapor. Isso favoreceu consideravelmente a qualidade da energia gerada, garantindo entre 0,5 e 1,5% a mais de eficiência energética.
Esse percentual pode parecer pouco, mas não é. Para dar uma ideia do impacto disso, quando pensamos em indústrias de médio porte, isso significa uma alta economia de energia, que pode ser utilizada para abastecer outras plantas produtivas ou ser vendida para a concessionária como excedente.
Além disso, se colocarmos em perspectiva e tangibilizar o ganho em parâmetros do dia a dia, esse 1% de energia economizada pelos clientes que avaliamos significa 77,8 GWH, suficiente para abastecer com energia uma cidade de 115 mil habitantes durante um ano.
O início da jornada
Reconhecemos que esses são exemplos iniciais da aplicação de IA em processos complexos. Independente disso, é muito animador perceber as possibilidades de melhoria quando entendemos que uma indústria inteligente permite que criemos um mundo mais inteligente. Processos e negócios cada vez mais conectados permitem que os algoritmos tenham insumos suficientes para aprender e otimizar processos.
Vemos como tendência projetos e aplicações cada vez mais impactantes e com resultados mais expressivos. Isso tende, ainda, a ser potencializado quando percebemos um movimento natural das empresas para escalarem o uso de tecnologias que estão trazendo retorno positivo a seus negócios, somado a uma busca constante por inovações que garantam benefícios amplos à sociedade. O caminho pode parecer longo, mas é muito interessante ver que as empresas já começaram essa jornada.
Sobre o autor: Danilo Halla é diretor de operações (COO) da I.Systems, startup especialista na aplicação de inteligência artificial para a indústria.