Cinco previsões de tecnologia empresarial (após um ano imprevisível)

Todos nós começamos 2020 com um plano – que se tornou irrelevante poucos meses depois. As organizações implementaram planos de contingência rapidamente e suspenderam as iniciativas não essenciais. Isso pode nos levar a acreditar que o ano passado foi nulo para a inovação tecnológica. Eu diria que a verdade é exatamente o oposto. Na realidade, as empresas implementaram soluções inspiradoras para enfrentar desafios consideráveis.

A seguir, listo algumas observações sobre o ano de 2020 e enumero cinco previsões de tecnologia de negócios para 2021.

1. A borda é a nova fronteira para a inovação

Coisas incríveis estão acontecendo na computação de borda. Vimos isso em modo tela cheia em 2020. Aqui estão alguns exemplos:

• Quando a pandemia começou, uma empresa de testes de laboratório implantou 400 estações de exames móveis nos Estados Unidos em questão de semanas;
• Um varejista, com ordem para permanecer em quarentena, realocou todo o seu centro de distribuição principal para atender a uma abundância de pedidos de comércio eletrônico de um novo local.

Essas organizações usaram os investimentos existentes na borda para reagir e inovar rapidamente. Neste ano, continuaremos a ver investimentos prioritários na tecnologia.

Chris Wolf.

A confiabilidade e o desempenho da rede afetam diretamente a experiência dos clientes e dos funcionários. Isso por si só levou a implementações expansivas de SD-WAN na borda e em escritórios domésticos. Soluções simples fornecidas por SaaS (incluindo hardware) irão aprimorar ainda mais a segurança e a experiência do usuário, onde quer que os funcionários escolham trabalhar. Isso provocará uma tendência na qual essas soluções passarão a ser a regra.

Além disso, espero que as organizações adotem cada vez mais as soluções Secure Peripheral Access Service (SASE). As arquiteturas de rede e a segurança legadas geram uma degradação desnecessária de desempenho e das conexões entre os nós. Em vez disso, nosso futuro estará nos serviços de aplicações e infraestrutura que são definidos no software e implantados e gerenciados como atualizações de software. Conforme os processos de aquisição legados são revertidos ao longo do caminho, as companhias vão melhorar drasticamente o desempenho e a segurança.

Estamos também ficando muito mais inteligentes na borda, com a capacidade de aprender, reagir e otimizar em tempo real. Do mesmo modo, estamos enxergando novas oportunidades para a consolidação da infraestrutura na borda, reduzindo o número de dispositivos especializados necessários para atender às demandas tecnológicas. Este é um avanço de tecnologia empolgante, pois abre portas para soluções econômicas em que a automação, a segurança e a eficiência são aprimoradas, ao mesmo tempo em que os custos são reduzidos.

2. Descentralização do aprendizado de máquina

Vamos falar sobre o aprendizado de máquina federado (FML). Estamos começando a enxergar uma aceitação precoce das empresas nessa área. Em todos os setores, as organizações estão inovando para tomar melhores decisões baseadas em dados, enquanto aproveitam as pegadas tecnológicas altamente distribuídas.

Com poder computacional praticamente em todos os lugares, o aprendizado federado permite que as organizações treinem modelos de aprendizado de máquina utilizando conjuntos de dados locais. Os projetos de código aberto como o FATE e o Kubeflow estão ganhando terreno. Espero que o surgimento de aplicações intuitivas nessas plataformas acelere ainda mais a adesão.

As primeiras soluções de aprendizado de máquina beneficiaram desproporcionalmente uma pequena porcentagem de empresas. Essas organizações já dispunham de práticas maduras de ciência de dados. A adoção do aprendizado de máquina continua acelerada. E essa aceleração é impulsionada por soluções completas criadas para "todos os demais". Essas são empresas que desejam colher os frutos do aprendizado de máquina sem ter que investir pesadamente em equipamentos de ciência de dados, o que muitas vezes é um desafio difícil devido à atual escassez de cientistas de dados no setor.

3. Impulso renovado para as iniciativas no local de trabalho 2.0

A pandemia trouxe um ímpeto renovado a muitas iniciativas no local de trabalho 2.0. Estou especialmente interessado em casos de uso de realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV).

A realidade aumentada e a realidade virtual estão ganhando força, especialmente em casos de uso como o treinamento de funcionários, a navegação assistida por realidade aumentada (como nos espaços corporativos) e em reuniões online. Este ano, tive a oportunidade de participar de um encontro de realidade virtual. A experiência cognitiva foi bastante fascinante. Durante uma reunião por Zoom, é bastante óbvio que você está em uma videochamada, mas, depois de alguns minutos em uma reunião de RV, você começa a sentir que todos estão na mesma sala.

Ainda há trabalho a ser feito para impulsionar uma adesão generalizada. Em 2021, haverá ganhos na adoção de RA e RV, auxiliados por avanços em tecnologia da classe empresarial que abordam a segurança, a experiência do usuário e o gerenciamento de dispositivos dessas soluções.

Dito isso, a maior lacuna para a realidade virtual, na minha opinião, é que não há um equivalente ao Microsoft PowerPoint para a tecnologia. Em outras palavras, no futuro quero ser capaz de criar rapidamente conteúdo 3D que possa ser consumido em um padrão de realidade virtual. Atualmente, simplesmente não existe uma ferramenta de produtividade simples que permita criar, rapidamente, conteúdo 3D que aproveite ao máximo o panorama de 360 ​​graus que a realidade virtual oferece. Espero que esta seja uma área de atenção para os tecnólogos de RA e RV no futuro.

4. A evolução contínua da segurança intrínseca e proteção de dados

As inovações na área de segurança levaram a segurança intrínseca de uma palavra da moda no marketing para algo real. As tecnologias de virtualização atuais, por exemplo, podem ser aproveitadas para proteger uma carga de trabalho quando ligada, mesmo antes do sistema operacional ser instalado. Isso é segurança intrínseca por definição e representa um grande avanço em relação ao modelo de segurança tradicional.

Em 2021, a segurança estará mais uma vez entre os principais investimentos em tecnologia, já que o ransomware e a segurança na borda receberão maior atenção. Ataques sofisticados de ransomware não visam apenas os dados, mas também backups de dados e do sistema. Isso gera a possibilidade de que até mesmo as restaurações do sistema sejam comprometidas.

Precisamos mudar a forma como protegemos os sistemas e os dados. Nos vemos obrigados a repensar fundamentalmente o que significa fazer backup e recuperar sistemas. As soluções legadas com abordagens de proteção estática e de recuperação começarão a enfrentar possíveis interrupções no decorrer do ano.

Quando olhamos para a borda, as linhas de negócio tomam um número crescente de decisões de tecnologia, às vezes até em nível local, e não na TI central. Há muito tempo isso cria desafios, pois os dispositivos inteligentes e conectados são implantados em sites periféricos com mais rapidez do que os processos de TI tradicionais. Embora devamos sempre nos esforçar para implementar soluções compatíveis, temos que aceitar o fato de que os requisitos de agilidade e velocidade de negócio podem estar em conflito.

Por isso, devemos buscar tecnologias que ofereçam uma descoberta mais ampla de sistemas conectados na borda e forneçam a aplicação de políticas de segurança adaptáveis ​​para esses sistemas. Em vez de travar uma batalha pelo controle, os líderes de segurança devem aceitar que existe algum grau de caos e inovar com a expectativa da confusão em vez do controle absoluto

5. Aplicação de novas tecnologias a antigos desafios

Em 2021, o que é antigo pode voltar a ser novo, pelo menos olhando novamente para como as novas tendências de tecnologia podem ajudar a resolver velhos desafios. Na área de computação sustentável, por exemplo, você pode obter muita eficiência energética no data center tradicional.

A VMware atualmente tem um projeto de xLabs para ajudar nossos clientes a otimizarem os corredores quentes e frios de seus data centers. Os primeiros estudos revelaram que uma quantidade promissora de eficiência energética pode ser alcançada por meio do gerenciamento do calor do data center alimentado pela plataforma.

Além disso, o aprendizado de máquina pode ajudar a melhorar a acessibilidade. Recentemente anunciamos um projeto liderado por tecnólogos da VMware para auxiliar os desenvolvedores a realizarem melhores testes automatizados de acessibilidade com aprendizado de máquina. Este projeto facilitará, às companhias, o cumprimento das normas de acessibilidade, reduzindo ao mesmo tempo os custos do software que constroem.

O ano passado foi um ano de progressos. Os desafios imprevistos nos ensinaram a planejar e a projetar com base na expectativa de mudança. E devemos ser resilientes para nos adaptar às novas formas de viver e trabalhar. Este ano marca o início da esperança, à medida que navegamos em qualquer que seja o nosso novo normal. Estou animado para ver como os avanços na tecnologia irão moldar os novos tempos.

Sobre o autor: Chris Wolf é vice-presidente do Advanced Technology Group da VMware.