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A IA humanizada impulsionará as operações do futuro
Ao combinar grandes modelos de linguagem com IA generativa e outros tipos de IA aplicada, as plantas industriais transformarão radicalmente sua produtividade e sustentabilidade.
A inteligência artificial (IA) é frequentemente apresentada como uma solução para todas as dores das empresas. Mas, na realidade, tem suas nuances. A IA não é apenas uma ferramenta por si só e as suas muitas aptidões serão desenvolvidas ao longo do tempo, por fases.
O termo IA abrange uma ampla base de tecnologias, incluindo muitos tipos de aprendizado de máquina (machine learning), como análise preditiva, aprendizado profundo, aprendizado por reforço e, mais recentemente, a IA generativa (GenIA) com os novos e massivos Grandes Modelos de Linguagem (LLMs).
Acredito que as tecnologias de IA, uma vez plenamente implementadas, serão mais disruptivas do que a Internet e terão um efeito profundo na forma como gerimos e maximizamos os negócios. Os sistemas das plantas industriais serão transformados do início ao fim. As soluções baseadas em IA podem otimizar, criar estratégias e executar operações automaticamente – 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Esta realidade está a caminho, mas ainda não chegou. No mundo de hoje, estamos vendo décadas de pesquisas e testes de IA virem à tona, combinadas com a humanização da IA por meio dos LLMs. A este respeito, as soluções baseadas em IA já estão levando a enormes ganhos em todos os setores.
Estas tecnologias estão permitindo que as organizações reduzam o consumo de combustível, melhorem a captura de carbono, diminuam as emissões e maximizem os ciclos de vida dos equipamentos. Estão impulsionando a sustentabilidade empresarial, ao mesmo tempo em que aumentam a eficiência e os lucros.
Como elas estão fazendo isso?
O software orientado por IA ajuda as empresas industriais a projetarem com mais rapidez por meio de design sugestivo e simulação, a operarem em níveis de produção ideais para a máxima eficiência, a fornecerem apoio à decisão aos trabalhadores conectados, a reduzirem o desperdício para obter rendimento máximo e a reconhecerem possíveis falhas no equipamento antes que elas ocorram.
Empresas em todo o mundo já estão obtendo enormes benefícios de sustentabilidade e produtividade através da IA industrial aplicada. Por exemplo, a gigante energética norte-americana Duke Energy economizou mais de US$ 250 milhões ao instalar modelos preditivos que forneceram detecção precoce de problemas, reduziram erros, permitiram resultados mais rápidos e aumentaram o ROI (Retorno sobre o Investimento). Ou vejamos o caso da Schneider Electric, que conseguiu evitar três interrupções completas da fábrica ao prever problemas com antecedência.
Infundindo IA na rede
As pessoas costumam pensar na IA pela perspectiva das lentes da GenIA. Contudo, a IA Generativa é apenas um tipo de inteligência artificial, juntamente com muitos outros, e a verdade é que muitos destes blocos de construção da IA estão disponíveis há décadas. À medida que os dados disponíveis aumentam, o verdadeiro valor da IA passa a ser percebido. Os novos LLMs com GenIA não são exceção.
Os especialistas hoje atuam no aperfeiçoamento destes algoritmos matemáticos e na conexão das diferentes vertentes do conhecimento para fornecer a solução, ou parte da solução, para empresas industriais.
Eu chamo isso de infusão de IA. É um processo de difusão de capacidades de Inteligência Artificial em todos os sentidos, em áreas como projeto de engenharia, simulação, operações, manutenção, cadeia de valor e dados. Com a disponibilidade dos enormes LLMs, começaremos a ver um salto na eficácia operacional, quando todos os dados relevantes, por mais obscuros que sejam, se tornarão acessíveis e intuitivos para o usuário.
Por meio da humanização da IA, os usuários irão obter mais valor dos seus dados e, eventualmente, de tudo o que fazem, incluindo a funcionalidade do software, em uma provável nova experiência para usuários de computadores.
O próximo salto se dará a partir da integração de vários tipos de IA e aplicações, para que os colaboradores possam realizar o seu trabalho na capacidade máxima. As tecnologias em evolução verão os humanos e as várias formas de Inteligência Artificial trabalhando juntos para obter o máximo progresso.
Este desenvolvimento já pode ser visto em ação sob a forma de gêmeos digitais – representações virtuais de objetos físicos, sistemas ou fábricas – que são criados com base em dados recolhidos a partir de dispositivos da Internet das Coisas (IoT), sistemas informáticos avançados e processos digitais.
A Inteligência Artificial é o cérebro por trás do gêmeo digital. Depois que ele for colocado em ação, a IA poderá gerar análises de dados personalizadas para apoiar operações aprimoradas.
E ao colocar gradualmente os LLMs no topo da rede, a tecnologia de IA pode se tornar ainda mais contemporânea ou assistente do que uma mera ferramenta.
Ao aproveitar os dados industriais da sua empresa e um LLM, o usuário pode fazer perguntas em linguagem natural sobre o sistema com o mínimo de configuração necessária. Ele pode fazer perguntas objetivas, como “Qual parque eólico tem a produção de energia mais baixa esta semana?” ou “Por que meu compressor está com desempenho pior agora do que na semana passada?”
Ao sintetizar a GenAI e outros tipos de inteligência artificial com LLMs, os usuários podem acessar conhecimento aplicado em campos que podem estar fora de seu alcance, como desenhos de projeto 3D e manuais de manutenção. O LLM pode extrair as informações relevantes e usá-las para encontrar problemas, ajudando a resolvê-los – tudo a partir de prompts elaborados por um ser humano.
Isto significa que os trabalhadores e executivos realizarão o seu trabalho com a máxima eficácia e facilidade, enquanto as operações decorrem em níveis ideiais e sustentáveis.
Em outras palavras, é assim que será a Indústria 5.0. As soluções baseadas em inteligência artificial executarão pesquisas semânticas híbridas, pontuando e encontrando constantemente relações entre diferentes tipos de dados. Essas informações serão a chave para resolver desafios organizacionais em grande escala.
Como você pode ver, estamos mudando rapidamente da IA restrita para a IA geral, onde o software se tornará muito mais humano em termos de capacidade. À medida que essa tendência crescer, a inteligência artificial se tornará mais orientada para objetivos, aproveitando tudo o que está à sua disposição para atingir suas metas.
No entanto, a IA não substitui o intelecto humano, mas deve ser vista como um parceiro facilitador. Ela está destinada a progredir a patir do software atual que auxilia os humanos, para um software que funciona em conjunto com os humanos – trabalhadores profundamente conectados com as tecnologias por meio de interfaces fáceis de utilizar.
Um dia, num futuro não muito distante, um gestor de fábrica poderá perguntar: “É possível reduzir a pegada de carbono da minha fábrica? Você tem permissão para fazer tudo o que for necessário, seja ético e legal para reduzir a minha pegada de carbono”. Este comando poderia então desencadear uma cadeia de eventos, incluindo o envio de e-mails, a análise de pontos de ajuste, a verificação de problemas de eficiência nos ativos, a realização de alterações no sistema de controle e a emissão de novas ordens de serviço, se necessário.
Ainda não chegamos lá, mas já temos a maior parte das peças necessárias para isso. Então fique atento a esta evolução.
Sobre o autor: Jim Chappell é Head Global de IA da AVEVA.