Especialistas em segurança de computadores estão entre as posições mais difíceis de preencher
Para além das contratações, talentos devem ser retidos. Pacotes de benefícios, treinamento contínuo e remuneração continuam sendo os principais aspectos para se diferenciar da concorrência.
Pesquisas recentes mostram que posições ligadas à tecnologia da informação (TI), especialmente aquelas que exigem especialistas em segurança cibernética, estão no ranking das 10 profissões que têm mais dificuldade em serem recrutadas.
De acordo com um estudo publicado pela Deloitte, estima-se que até 2021 haverá 3,5 milhões de posições de cibersegurança não preenchidas em todo o mundo. A demanda nessa área aumentou rapidamente em um cenário em que as empresas tiveram que recorrer ao plano online e acelerar sua transformação digital.
Além de preencher as vagas, há o desafio de reter esse talento. Especialistas em segurança da computação e fundadores da Ekoparty, a cúpula de hackers da América Latina, compartilham sua visão sobre as necessidades de talentos locais.
"Os pacotes de benefícios, treinamento contínuo e remuneração proporcional, ainda são os principais aspectos para se diferenciar da concorrência, mas atualmente também devemos levar em conta que os profissionais são permanentemente seduzidos por cargos do tipo remoto, com possibilidades de trabalhar para países no exterior e cobrar em dólares", dizem os especialistas da Ekoparty.
"Dada a falta de recursos para comprar soluções de segurança automatizadas, tentamos diminuir essa lacuna a partir do recrutamento. O talento latino-americano está acostumado a trabalhar com poucos recursos, mas com muita criatividade, e é por isso que na região há tantos bons profissionais em ciência da computação", diz Federico Kirschbaum, um dos fundadores da Ekoparty.
Para Kirschbaum "a experiência prática é a melhor formação: os conhecimentos sobre hacking e os certificados profissionais são as formas mais adequadas de adquirir as habilidades necessárias, como avaliação e mitigação de riscos, gerenciamento de acesso à rede e reparo dos sistemas em caso de ataque".
Isso se torna especialmente relevante se você levar em conta que a escassez de talentos aumenta a vulnerabilidade das organizações frente aos cibercriminosos. Os especialistas da Ekoparty corroboram essa ideia e afirmam que efetivamente a falta de pessoal para projetar estratégias de cibersegurança muitas vezes tem contribuído muitas vezes para a perda de dados ou roubo e danos subsequentes causados à reputação das empresas em questão. Estima-se que o investimento neste tipo de segurança será de mais de 100.000 milhões de dólares nos próximos quatro a cinco anos de forma global.
Da mesma forma, para as pequenas e médias empresas (PMEs), alcançar as pretensões trabalhistas desse tipo de especialista torna-se uma tarefa complicada. "Quando se trata de investir em segurança de informática, eles acabam por ser os mais vulneráveis. Para as PMEs tradicionais, a preocupação é mais com o roubo de informações ou bases de dados de clientes. Hoje eles não têm recursos para investir em segurança e, com a alta do dólar, a aquisição de produtos e licenças se torna mais cara, e eles optam por cortar esse orçamento”, disse Leonardo Pigñer, especialista em segurança da computação e CEO da Ekoparty.
Evento virtual de especialistas em cibersegurança
A Ekoparty, a conferência de segurança de informática representativa da América Latina, será realizada virtualmente de 24 a 26 de setembro.
Segundo os organizadores, ao longo de 16 anos, o evento formou uma comunidade técnica robusta e funciona como fonte de talento para quem participa: CIOs e recrutadores prestam atenção especial à detecção de novos recursos e àqueles que estão sendo formados na área, ou seja, seus candidatos em potencial.
Na edição do ano passado, mais de 500 entrevistas de emprego foram realizadas no Ekodating, um espaço para entrevistas no modelo "speed dating", em que as empresas puderam encontrar os candidatos adequados para seus cargos em tecnologia. Este ano, a dinâmica será repetida em formato online, com o objetivo de continuar conectando candidatos e empresas e gerar oportunidades para a comunidade.
O evento contará com a participação de 10 empresas e deverá receber cerca de 3.000 participantes nos três dias, que terão vários canais de streaming simultaneamente com palestras, workshops e atividades relacionadas ao hacking.
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