Aplicações do blockchain se tornam cada vez mais diversificadas

Blockchain, NFTs e metaverso

Segundo Tatiana Revoredo, CSO na Global Strategy e estrategista em blockchain pela Universidade de Oxford, um token é "uma representação da propriedade de um ativo ou um bem". Para ser considerado um NFT, esse token precisa ser não-fungível, ou seja, único. Existem NFTs de arte, esportes, games, cards colecionáveis, entre outros tipos.

Ao contrário do que muitos imaginam, os NFTs não são uma novidade: itens colecionáveis e ferramentas em jogos eletrônicos já existiam antes do blockchain. No entanto, com essa tecnologia, os NFTs tornaram-se padronizados e passaram a transitar entre plataformas diferentes.

 "Antes, os mercados eram fechados e limitados às plataformas que emitiam e criavam cada NFT. Atualmente, os NFTs podem se mover entre vários ecossistemas, ser visualizados em dezenas de diferentes provedores de carteira e ser negociados em vários mercados", ressaltou a painelista.

Felipe Veloso, economista e fundador da escola Cripto Mestre, atribuiu a popularidade dos NFTs ao recente ciclo de alta das criptomoedas. Tal alta ocorreu porque os governos mantiveram taxas de juros baixas durante o período da pandemia, o que fez com que muitas pessoas passassem a investir em ativos financeiros especulativos –e possivelmente mais lucrativos– como as criptomoedas, em detrimento de ativos tradicionais, como os títulos públicos e a poupança.

Porém, à medida que as taxas de juros se elevam, o fluxo de capital tende a migrar dos ativos especulativos para os não especulativos novamente, conforme alertou Felipe. Por isso, é aconselhável investir em projetos de criptomoedas ou NFTs que sejam realmente promissores e inovadores, e não naqueles que "estão na moda".

Para Marcos Botelho, CEO e fundador da PIRA Digitals, o sucesso inicial dos NFTs se deu graças aos itens colecionáveis e de arte, mas a expansão de fato desses tokens virá com os games e o metaverso. Este é um conjunto de ambientes virtuais em 3D onde os usuários podem interagir. Cada um dos itens do metaverso é um NFT, desde a vestimenta de um avatar até um terreno virtual.

Outro ponto relevante é que a criptografia em blockchain empregada no metaverso proporciona ao usuário autonomia sobre suas criações naquele espaço. É o que destacou Felipe: "O blockchain dá ao usuário propriedade sobre o que ele faz. Os dados de navegação são dele, não do blockchain".

Blockchain como caminho para a sustentabilidade no mundo dos negócios

A ESG está relacionada a boas práticas ambientais, sociais e de governança por parte de empresas. O blockchain pode ser um aliado das iniciativas de ESG devido aos recursos que proporciona, como a rastreabilidade e o registro imutável das informações distribuídas. Com a tecnologia, é possível criar aplicações nas áreas de energia, reciclagem de resíduos, pegada de carbono, entre outras.

Segundo Reynaldo Formigoni, gerente de Soluções Blockchain do CPQD, o blockchain traz uma série de funcionalidades para as empresas. Na parte ambiental, a tecnologia facilita a rastreabilidade e a identificação da procedência de materiais e produtos, bem como a emissão de certificados. Já na parte social, o blockchain proporciona um compartilhamento seguro e transparente de informações e maior privacidade. Ele também é um recurso útil para a governança, pois facilita a rastreabilidade de documentos e a criação de trilhas de auditorias imutáveis.

"O blockchain é uma poderosa ferramenta para suportar as demandas do ESG e existe hoje um aumento do interesse das empresas por essa tecnologia", sintetizou o painelista.

A agricultura é outro setor econômico que pode ser beneficiado pelo uso do blockchain. Para Jean Carbonera, CEO do Agrovantagens, a tecnologia permite aumentar a produtividade do agronegócio brasileiro e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ambientais.

"Um dos grandes avanços possibilitados pelo uso do blockchain no setor do agronegócio é a capacidade de melhorar a rastreabilidade de produtos", enfatizou o especialista. Isso facilitaria, por exemplo, a identificação de madeira ilegal e de produtos com componentes geneticamente modificados. A tecnologia também permite uma gestão financeira mais transparente na cadeia produtiva das cooperativas agrícolas.